Por várias vezes durante os últimos meses, notei que precisava respirar fundo para controlar minhas emoções. Sentia a onda súbita de mais uma crise de ansiedade se aproximando, assim como aquela sensação de alguém chegando perto, quando na verdade não há ninguém.
E então eu continuava respirando…
Ultimamente tem funcionado. Tanto tempo tendo que lidar com a ansiedade que agora é como se, infelizmente, ela fosse uma pessoa próxima a mim. Alguém que conheço muito bem apesar de não apreciar a companhia. E ela também me conhece. Me conhece bastante a ponto de conhecer todos os gatilhos que a trazem para perto de mim, de novo e de novo.
Sei que é arriscado admitir que estou acostumada com sua presença porque isso me faz pensar que é normal. Mas no fundo eu sei que não é . Principalmente quando esse sentimento ruim passa por cima das coisas as quais ainda tenho confiança.
Cada pessoa no planeta tem algum grau de relacionamento com a ansiedade e isso me acalma um pouco. A vida que levamos hoje, onde tudo acontece muito rápido – mil cliques, arrastando a tela sem parar, um envio de mensagem que demanda respostas, uma foto que demanda curtidas – tudo isso tem nos deixado impacientes, nervosos e ávidos para que as coisas aconteçam do jeito que imaginamos.
No dia que percebi que havia aprendido a me acalmar, comecei a rir sozinha. Não tinha ninguém por perto e por uns 2 minutos achei que ia começar a chorar desesperadamente. Mais ou menos 6 inspirações profundas combinadas ao pensamento fixo de que não era o fim do mundo e OLHA SÓ: passou!
Escrever sobre isso faz tudo parecer tão trivial e isso é ótimo. Porque isso não é o que eu sou. É apenas um pedaço da minha história onde meus erros e fraquezas estão abrindo portas para que ansiedade entre e tente ficar por aqui.
Mas ninguém é feito somente de falhas. E é aí que entra em cena meu lado confiante que, apesar de estar fraco e apagado, ainda consegue levantar, sacudir a poeira e tentar de novo.
“A vida não é tanto sobre o que você conquista, mas sobre o que você supera.”
– Robin Roberts
Não temos outra opção, a não ser tentar de novo. A gente nunca sabe quando vai ser o dia que as coisas vão começar a dar certo. Só o que podemos fazer é levantar da cama com o pensamento de gratidão por poder tentar mais uma vez. E aí tentar fazer melhor que ontem. E errar… E tentar de novo… E falhar miseravelmente…
Até que – em uma quinta nublada e sem programações – você se dá conta de que já não é mais o mesmo. Você percebe que nesse jogo de tabuleiro onde avançou e voltou casas, você já não tá mais no início. Você ainda sabe jogar. Está de volta ao jogo disposto a jogar as cartas na mesa mesmo que isso o leve a perder. Não importa mais porque você já entendeu como o jogo funciona.
E aí, meu amigo, não vai existir qualquer sentimento ruim que faça você parar.