2024 foi o ano em que descobri como é difícil progredir na vida quando não acreditamos que somos merecedores de progresso.
Por vezes me obriguei a acreditar que sim, eu sou digna de coisas boas, mas alguma coisa no meu cérebro me puxava para baixo de novo, e de novo… Em todos os momentos desse ano que tentei ser melhor em qualquer área da minha vida.
É muito perigoso… Acreditar que não merecemos coisas boas paralisa qualquer tentativa de melhoria. Prende-nos a situações e lugares que só reafirmam essa crença.
É um ciclo que se retroalimenta sem que a gente perceba. Consegue notar o quão perigoso isso é? O tempo escorreu pelas minhas mãos como areia. Até que um dia me dei conta de que joguei um ano da minha vida no lixo.
E sabe o que é engraçado? Ninguém imaginaria isso. Nem a família e nem meus amigos mais próximos… Ninguém faz ideia do que se passa nos bastidores. E se eu disser em voz alta, há quem duvide que toda essa bagunça e negatividade existiu aqui dentro.
Daí eu tirei uma lição importante. Olha só, todo mundo tem uma capa. Alguns criam suas capas para enganar e, propositalmente, fingir ser algo que não é. Enquanto outros apenas fingem que está tudo bem porque isso talvez os ajude a acreditar que está tudo bem.
Por muito tempo convivi com uma sensação de vazio constante, onde eu tentei preencher com coisas superficiais e falsas que só ajudaram a alimentar o ciclo. E aí, como faz para sair desse buraco?
Precisei passar por um processo muito desconfortável de autoconhecimento. Quanto mais camadas eu conhecia, mais reafirmava que não merecia nem isso e nem aquilo. No começo, foi fatigante tentar enxergar as coisas boas em mim porque estava completamente presa aos erros do passado.
Não vou dizer que não importa o que você fez até aqui. O passado importa e muito. Os erros do passado, junto a vontade de fazer o certo, provam que temos luz e trevas dentro de nós. E as partes obscuras não devem ser fator determinante para guiar a maneira como vamos viver a vida a partir de hoje.
Então comecei a limpar o espelho, que estava totalmente embaçado pelos sentimentos de culpa e arrependimento. Definitivamente, não foi algo que aconteceu da noite para o dia; estou até hoje limpando esse espelho.
Vez ou outra bate uma brisa fria que embaça quase tudo de novo, mas a cada dia que passa fica mais fácil mantê-lo limpo e ver o reflexo de quem eu realmente sou.
Agora consigo acreditar – sem ter que fingir – que os erros do passado não me definem. E as minhas ações começam a refletir quem eu quero ser.
Estou tentando não pensar muito no tempo que perdi, remoendo as decisões ruins que tive até aqui. Pensar em como tudo poderia ser diferente causa uma frustração esmagadora.
Acredito de verdade naquela frase do Joel Olsteen que diz que a vida começa a cada manhã. É bastante clichê, eu sei. Mas lendo com inteligência e carinho, você consegue enxergar que essa frase pode ajudar qualquer coração confuso e culpado a deixar a bagagem do passado na primeira esquina e começar a acreditar que tudo pode ser diferente a partir de hoje.
E eu acredito.