No começo, eu não o suportava. Ele era malvado e metido a sabe tudo. Se aproveitava das crianças menores e por vezes o vi machucando animais. Eu realmente não o suportava.
Na verdade, eu era obcecada pelo amigo dele. Com aquele cabelo liso caindo nos olhos e um sorriso brincalhão. Passava horas olhando pra ele e imaginando mil cenas na minha cabeça. Cenas que nunca chegaram pelo menos perto de acontecer.
Ele insuportavelmente não dava a mínima pra mim, só queria saber de futebol e de brincar com os meninos. Meu futuro amor também era assim, mas todo mundo na rua sabia da queda que ele tinha por mim. Além disso, ele não fazia questão de esconder.
Não sei ao certo quando houve o click. O exato momento em que eu percebi que estava indo na direção errada e então comecei a ver ele de outra forma. Às vezes me pego tentando lembrar.
Esse é um detalhe importante. Porém, por mais que eu tente, é sempre em vão. Não lembro como ou por que me apaixonei por um garoto como ele. Ele ia contra todos os meus princípios.
Lembro das raras vezes que brincamos juntos. Na época, meu pai me proibia de ficar perto dele devido a fama perversa que ele tinha. Por isso, cada tempo ao lado dele era valioso. Mesmo sendo apenas crianças, meu sentimento por ele era genuíno e eu não perdia uma oportunidade sequer de me aproximar.
A melhor notícia do ano de 2009 foi saber que ele estava matriculado na mesma escola que eu. A partir daí os eventos estão todos revirados na minha mente, mas lembro de todas as sensações. Nervosismo, felicidade, frio na barriga e algumas vezes tristeza. O nosso amor sempre foi tudo, menos perfeito.