Faz um tempo que não escrevo para ele. Mas isso não é por falta de inspiração. Ele exala inspiração por todos os poros e eu sou muito sortuda por isso. Eu adoro o jeito que ele me faz querer escrever até sobre o modo como pisca. Eu amo escrever. Mas isso ele já sabe.
Ele deixa a minha vida mais leve. Não que eu seja uma garota-cheia-de-compromissos-entupindo-a-agenda, mas por saber que em algum momento vou ve-lo e ele vai me fazer sentir a garota mais linda do universo, me fazendo esquecer todos os meus defeitos.
A cada dia que acordo sabendo que ele é meu namorado, eu acredito que ele vê mesmo em mim tudo o que diz que sou. Acredito quando olho pra ele e me deparo com aquele seu sorriso que me faz esquecer até meu nome. Acredito quando me dou conta de que ele ainda é meu namorado, me aturando e me fazendo amadurecer, mesmo eu sendo mais velha. Ele tem esse dom. Por esses e outros fatos eu acredito que sou mesmo amada.
Se ele imaginasse o tamanho do nó que se formou na minha garganta no dia em que o fiz ir dormir chateado comigo, depois de uma discussão por mensagens. Ele mandou um áudio. Eu ouvi. A voz, baixa e fraca, dizendo que não aguentava mais. Devia estar chorando e essa ideia me fez sentir muito pesada. Meu corpo pedia descanso, mas naquele momento eu só queria correr até ele e dizer mais uma vez que a culpa foi minha. Sabíamos que era minha. Esse disco “eu faço tudo errado” já está riscado de tanto uso. E ele ainda está aqui.
Pode não ser tão claro pra ele quanto pra mim, mas eu sempre, sempre estrago tudo sem ter planejado. Quando percebo, já estamos em meio a uma conversa tensa e nessa hora eu já não sei mais onde começou a discussão e simplesmente não peço desculpas. Talvez por achar que não é preciso, ou por eu mesma me enganar ao pensar que não foi culpa minha e, até mesmo por orgulho. Mas independente dos motivos de eu não ceder, independente de eu estar certa ou não, mesmo estando totalmente notável que a culpa é minha, ele ainda está aqui.
É óbvio que ele é diferente de todos os outros. Falar isso parece contraditório quando penso em todas as vezes que tentei deixa-lo porque, sério, eu nunca quis tanto alguém como quero ele. E o fato de eu não conseguir deixa-lo prova isso. Prova que sim, eu preciso dele porque 1) eu não faço nada direito quando a gente briga o que automaticamente 2) me faz ser dependente dele, do seu amor.
Eu quase não me reconheço mais. Antes do dia 15 de agosto, nenhum garoto era bom o bastante, nenhum garoto valia a pena meu esforço, ou pelo menos merecia meu tempo. Daí, de repente, literalmente de uma hora pra outra, eu decido que está na hora de jogar pro alto aquela minha vida indecisa e arriscar ser a namorada dele.
Nunca fui muito corajosa, mas eu sempre soube separar o medo da recompensa em si quando eu sou obrigada a fazer algo por alguém ou alguma coisa. E foi o que eu fiz naquele dia, quando deixei ele ler aquela página com as palavras capazes de fazer ele me reconhecer ou se desculpar por não retribuir o que eu sentia. Sim, eu pensei na possibilidade de levar um fora, e esse foi o medo que eu tive que separar da recompensa que seria ter ele pra mim ou pelo menos a consciência de que tentei.